351 a 500 MÁXIMAS, PENSAMENTOS E REFLEXÕES - Marquês de Maricá



MINISTÉRIO DA CULTURA
Fundação Biblioteca Nacional
Departamento Nacional do Livro
MÁXIMAS, PENSAMENTOS E REFLEXÕES
Marquês de Maricá


351- A mulher douta ordinariamente ou é feia, ou menos casta.
352- De todas as revoluções para o homem, a morte é a maior e a derradeira.
353- O prazer que mais deleita é o que provém da satisfação de uma necessidade mais incômoda
e urgente.
354- O amor é sempre mais sensual do que a amizade.
355- As pessoas mais devotas são de ordinário as menos religiosas.
356- Nunca nos esquecemos de nós, ainda quando parecemos que mais nos ocupamos dos outros.
357- O tempo pretérito se torna presente pela memória, e o futuro pela nossa imaginação.
358- A maior parte dos males e misérias dos homens provêm, não da falta de liberdade, mas do
seu abuso e demasia.
359- Mudai um homem de classe, condição e circunstâncias, vós o vereis mudar imediatamente
do opiniões e de costumes.
360- Em pontos de civilidade, o soberbo não paga o que deve, e exige sempre mais do que lhe é
devido.
361- Os abusos e prejuízos nos povos são como as verrugas e lobinhos no corpo humano, ainda
que feios, conservam-se por ser a sua extração dolorosa e muitas vezes arriscada.
362- Dizer-se de um homem que tem juízo é o maior elogio que se lhe pode fazer.
363- Em um povo ignorante a opinião publica representa a sua própria ignorância.
364- Em matéria de ciência, quanto mais adquirimos tanto melhor descortinamos a imensidade do
que nos falta.
365- Há sempre entre os homens uma sabedoria da moda, como um penteado, um calçado ou um
vestuário.
366- A ignorância dócil é desculpável, a presumida e refratária é desprezível e intolerável.
367- A impaciência, quando não remedeia os nossos males, os agrava.
368- O arrependimento é ineficaz quando as reincidências são consecutivas.
369- O desembaraço tem muito próxima afinidade com a sem vergonha.
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370- A filosofia desagrada, porque abstrai e espiritualiza; a poesia debita, porque materializa e
figura todos os seus objetos. Quereis persuadir e dominar os homens, falai à sua imaginação, e
confiai pouco na sua razão.
371- Em diversas épocas da nossa vida somos tão diversos de nós mesmos como dos outros
homens.
372- O espírito vive de ficções, como o corpo se nutre de alimentos.
373- A morte dos maus é a maior garantia para os bons.
374- Um grande crime glorificado ocasiona e justifica todos os outros crimes e atentados
subseqüentes.
375- Uns homens ocasionam os males e exigem que outros os remedeiem.
376- Os cortesãos são como os alcatruzes das noras: quando uns sobem, outros descem.
377- É condição dos grandes homens serem perseguidos e maltratados na vida, e depois da sua
morte lastimados, glorificados e vingados.
378- Cada geração, parecendo ocupar-se exclusivamente do seu cômodo e felicidade, trabalha
efetivamente para as gerações seguintes e a sua posteridade.
379- Há muitas ocasiões em que os ricos e poderosos invejam a condição dos pobres e
insignificantes.
380- A pobreza sofre inumeráveis privações, mas não é sempre importunada e insidiada como a
riqueza.
381- A paixão da leitura é a mais inocente, aprazível e a menos dispendiosa.
382- O castigo, sendo pouco, irrita; sendo muito, ameaça.
383- A má educação consiste especialmente nos maus exemplos.
384- Muita luz deslumbra a vista, muita ciência confunde o entendimento.
385- A ambição, para chegar ao poder, toma algumas vezes o caráter desprezível e asqueroso do cinismo.
386- A economia, quando se apura muito, transforma-se em avareza.
387- É judiciosa a economia de palavras, tempo e dinheiro.
388- Haver a maior soma de bens com o menor trabalho e dispêndio possível, eis o grande
problema que cada indivíduo procura resolver em seu favor no decurso da própria vida.
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389- A beneficência da vaidade é algumas vezes mais profusa que a da virtude.
390- Os moços são tão solícitos sobre o seu vestuário, quanto os velhos são negligentes: aqueles
atendem mais à moda e à elegância, estes à sua comodidade
391- O sábio que não fala nem escreve é pior que o avarento que não despende.
392- Condenamos por ignorantes as gerações pretéritas, e a mesma sentença nos espera nas
gerações futuras.
393- Muitos figuram de Diógenes, para se consolarem de não poderem ser Alexandres.
394- Onde os homens se persuadem que os governos os devem fazer felizes, e não eles a si
próprios, não há governo que os possa contentar nem agradar-lhes.
395- Há males na vida humana que são preservados de outros maiores, e muitas vezes ocasionam
bens incalculáveis.
396- A dissimulação algumas vezes denota prudência, mas ordinariamente fraqueza.
397- Os preceptores dos Príncipes são os seus primeiros aduladores.
398- Os apologistas e defensores da igualdade são os que mais trabalham por desigualar-se.
399- Não é a fortuna, mas juízo somente, o que falta a muita gente.
400- Entes invisíveis nos observam quando nos cremos sós e sem companhia.
401- O muito juízo é um grande tirano pessoal.
402- Os sábios duvidam mais que os ignorantes; daqui provém a filáucia destes e a modéstia
daqueles.
403- A vida a uns, a morte confere celebridade a outros.
404- Os homens afetam desinteresse para melhor promoverem os seus interesses.
405- Ninguém quer passar por tolo, antes prefere parecer velhaco.
406- Velhos há que bem merecem ser comparados aos vulcões extintos.
407- Trabalho honesto produz riqueza honrada.
408- A opinião da nossa importância nos é tão funesta como vantajosa e segura a desconfiança de
nós mesmos.
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409- Há uns pretendidos sábios modernos de singular natureza, nada afirmam, negam tudo, e se
apelidam progressivos.
410- Formam-se mais tempestades em nós mesmos que no ar, na terra e nos mares.
411- Os bons exemplos dos pais são as melhores lições e a melhor herança para os filhos.
412- É tal a falibilidade dos juízos humanos, que muitas vezes os caminhos por onde esperamos
chegar à felicidade nos conduzem à miséria e à desgraça.
413- Não existindo no Universo mais que inteligência e matéria, esta é destinada e constituída
para significar e simbolizar a primeira.
414- A importunidade é algumas vezes mais feliz que o merecimento.
415- A razão destrói nos homens as criações da sua própria imaginação.
416- Há povos que são felizes em não ter mais que um só tirano.
417- É necessário saber muito para poder admirar muito.
418- Afetamos desprezar as injúrias que não podemos vingar.
419- A civilidade é muitas vezes a mordaça da verdade.
420- A liberdade é a que nos constitui entes morais, bons ou maus; é um grande bem para quem
tem juízo; e para quem o não tem, um mal gravíssimo.
421- Os bons presumem sempre bem dos outros; os maus, pelo contrário, sempre mal; uns e
outros dão o que têm.
422- A harmonia da sociedade, como da natureza, consiste e depende da variedade e antagonismo
dos seus elementos e caracteres.
423- A moda determina as opiniões de muita gente.
424- Quando os rapazes se inauguram por sábios, que resta aos velhos?- calar-se e lastimá-los.
425- São os grandes loucos que perturbam as nações, e os inumeráveis tolos que favorecem e
aplaudem os seus desatinos e disparates.
426-O ambicioso, para ser muito, afeta algumas vezes não valer nada.
427- O arrependimento, se não repara o feito, previne a reincidência.
428- A tirania não é menos arriscada para o opressor, do que penosa para o oprimido.
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429- Aproveita muito subir aos maiores empregos do Estado, para nos desenganarmos da sua
vanglória e inanidade.
430- Este mesmo mundo que nos engana, nos desengana.
431- A morte é a executora mais ativa e eficaz da doutrina dos niveladores.
432- Os bens que a ambição promete são como os do amor, melhores imaginados que
conseguidos.
433- Os povos, como as abelhas, trabalham para si e para os seus zangões.
434- Os maus nas suas desgraças procuram os bons e virtuosos, como nas trovoadas se recorre às
imagens dos Santos.
435- O que há de melhor nos grandes empregos é a perspectiva ou a fachada com que tanta gente
se embeleza.
436- Há homens que hoje crêem pouco ou nada, porque já creram muito e demasiado.
437- Os que asseveram que os maus são ou podem ser felizes, não têm noções claras da genuína
felicidade.
438- A maior parte dos erros em que laboramos neste mundo provém da falsa definição, ou das
noções falazes que lemos do bem e do mal.
439- Na arquitetura intelectual, os materiais vêm de fora, mas o plano e trabalho são da razão e do
espírito.
440- Se a vida é um mal, por que tememos morrer; e se um bem, porque a abreviamos com os
nossos vícios?
441- Os homens especulam no tempo de agora em revoluções, como nos fundos públicos.
442- As verdades mais triviais parecem novas quando se enunciam por um modo mais elegante e
desusado.
443- Os homens sem mérito algum, brochados de insígnias e de ouro, são comparáveis aos maus
livros ricamente encadernados.
444- Ambos se enganam, o velho quando louva somente o passado, o moço quando só admira o
presente.
445- Não há coisa mais fácil que vencer os outros homens, nem mais difícil que vencer-nos a nós
mesmos.
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446- Entre as paixões humanas a ambição tem tanto de nobre como a avareza de ignóbil.
447- Ciência é poder, força e riqueza; a nação mais inteligente e sábia será consequentemente a
mais rica, forte e poderosa.
448- Se as viagens simplesmente instruíssem os homens, os marinheiros seriam os mais
instruídos.
449- Os nossos maiores inimigos existem dentro de nós mesmos: são os nossos erros, vícios e
paixões.
450- Querendo parecer originais, nos tornamos ridículos ou extravagantes.
451- Nada incomoda tanto aos homens maus como a luz, a consciência e a razão.
452- No tempo de agora ninguém quer ser governado, porque todos aspiram e se crêem hábeis
para governar.
453- Fazemos ordinariamente mais festa às pessoas que tememos do que àquelas a quem
amamos.
454- A filosofia promete muito e dá pouco; é magnífica nas suas promessas e mesquinha no seus
donativos.
455- Há opiniões que nascem e morrem como as folhas das árvores, outras, porém, que têm a
duração dos mármores e do mundo.
456- Quando o sol se aproxima ao seu nascente, escondem-se as corujas e os morcegos: os
inimigos das luzes só se comprazem e são ativos nas trevas.
457- A vida humana é uma intriga perene, e os homens são recíproca e simultaneamente
intrigados e intrigantes.
458- A luz do sol é gratuita, a do fogo dispendiosa.
459- A ingratidão faz pressupor vistas de interesse no benfeitor, ou indignidade no beneficiado.
460- A filosofia pode consolar-nos, mas não tem a eficácia de tornar-nos impassíveis.
461- Deus se revela em tudo e por todos. As obras de um agente são as suas revelações.
462- Que juízo não é necessário que tenhamos para conhecer toda a extensão da nossa loucura!
463- A riqueza doura a sabedoria e os talentos, mas não os constitui.
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464- Em algumas revoluções o jugo continua como dantes, à exceção do baralho e jogadores que
são novos.
465- As revoluções políticas, quando não melhoram, deterioram necessariamente a sorte das
nações.
466- Somos benfazentes mais vezes por vaidade que por virtude.
467- O roubo de milhões, enobrece os ladrões.
468- A moda sanciona e justifica os maiores disparates e extravagâncias dos homens.
469-A imprensa é livre somente para o partido poderoso e dominante.
470- As nações, como as pessoas, aprendem errando e sofrendo.
471- Os homens são poucas vezes o que parecem; eles trabalham incessantemente por parecer o
que não são.
472- O futuro, que atormenta a velhice, deleita a mocidade.
473- Não há escravidão pior que a dos vícios e paixões.
474- Sucede aos homens como às substâncias materiais, as mais leves e menos densas ocupam
sempre os lugares superiores.
475- Os velhos que se mostram muito saudosos da sua mocidade não dão uma idéia vantajosa da
madureza e progresso da sua inteligência.
476- As revelações da natureza, que são perenes, contradizem e desmentem geralmente as
inculcadas revelações de muitos homens, e manifestam a sua ignorância ou impostura.
477- Não invejemos os que sobem muito acima de nós: a sua queda será muito mais dolorosa do
que a nossa.
478- Trabalhai, poupai, acumulai, sabereis quanto podeis.
479- É rara a verdadeira gratidão, porque são raros os genuínos benfeitores.
480- Uma revolução feliz justifica maiores crimes e os eleva à categoria de virtudes.
481- O nosso espírito é essencialmente livre, mas o nosso corpo o torna freqüentes vezes escravo.
482- A virtude é o maior e mais eficaz preservativo dos males da vida humana.
483- Os homens probos são menos capazes de dissimulação do que os velhacos.
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484- Os neutrais entre dois partidos são geralmente maltratados como censores e antagonistas de
ambos.
485- São incalculáveis os benefícios que provêm às noções1 da incerteza do dia e ano de nossa
morte: esta incerteza corresponde a uma espécie de eternidade.
486- Mais vale ciência intelectual, que riqueza mineral.
487- Os faladores não nos devem assustar, eles se revelam: os taciturnos nos incomodam pelo seu
silêncio, e sugerem justas suspeitas de que receiam fazer-se conhecer.
488- Não empresteis o vosso nem o alheio, não tereis cuidados nem receio.
489- Amigos há de grande valia, que todavia não podem fazer-nos outro bem, senão impedindo
pelo seu respeito que nos façam mal.
490- Os velhos prezam ordinariamente os morto e desprezam os vivos.
491- O meio mais eficaz de vingar-nos de nossos inimigos é fazendo-nos mais justos e virtuosos
do que eles.
492- Se pudéssemos chegar a um certo grau de sabedoria, morreríamos tísicos de amor e
admiração por Deus.
493- Não provoques o Poder, que ele se tornará cruel e despótico no seu desagravo.
494- Divertimo-nos com os doidos na hipótese de que o não somos.
495- Não desenganemos os tolos se não queremos ter inumeráveis inimigos.
496-A riqueza não acompanha por muito tempo os viciosos.
497- Há homens tão insignificantes que ninguém os ama nem aborrece, quando muito são
desprezados.
498- Os velhos importunam aos circunstantes com os seus achaques, como os litigantes com as
suas demandas.
499- Não subais tão alto que a queda seja mortal.
500- Não emprestes, não disputes, não maldigas, e não terás de arrepender-te.
501- O ateu é como o enjeitado que não conhece a seu pai, é como o animal bruto, comensal no
banquete da natureza, que não cuida nem pergunta pelo seu benfeitor.
1 Nações, no texto original.
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502- O velho crê-se feliz em não sofrer, o moço infeliz em não gozar.
503- Há mais homens de juízo do que se pensa, acham-se ordinariamente nas classes médias e
inferiores da sociedade.
504- A admiração é uma das maiores prerrogativas da natureza humana.
505- A memória não falece aos velhos por falta de idéias, mas pela sua nímia variedade e
acumulação.
506- Deve-se julgar da opinião e caráter dos povos pelo dos seus eleitos e prediletos.
507- Sempre haverá mais ignorantes que sabedores, enquanto a ignorância for gratuita e a ciência
dispendiosa.
508- A anarquia é tão grande flagelo nas nações, que o tirano que prevaleceu e chegou a suprimila
é reputado o salvador do povo e o seu melhor amigo.
509- A civilidade é uma impostura indispensável, quando os homens não têm as virtudes que ela
afeta, mas os vícios que dissimula.
510- O sumário da vida humana são enganos e desenganos.
511- Observa-se que os fanáticos de liberdade passam a sua vida em prisões, enxovias,
presigangas e trabalhos.
512- Somos muitas vezes maldizentes para nos inculcarmos perspicazes.
513- Mudai os tempos, os lugares, as opiniões e circunstâncias, e os grandes heróis se tornarão
pequenos e insignificantes homens.
514- Deve-se usar da liberdade, como do vinho, com moderação e sobriedade.
515- Neste mundo fenomenal, o homem é tão mutável como a mesma natureza.
516- Nas revoluções dos povos a insignificância é a maior garantia da segurança pessoal.
517- Amamo-nos sobretudo, e aos outros homens, por amor de nós.
518- Há muitos homens que receiam ser desenganados pelo desgosto de parecerem crédulos ou
tolos.
519- A maior parte dos homens são autômatos a quem alguns mais hábeis e sagazes fazem
mover-se e trabalhar para seu proveito ou recreação.
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520- É feliz e ilustrada a velhice que chegou a conhecer e avaliar os prestígios e as ilusões da vida
humana, a descortinar as harmonias do Universo, e a admirar em pleníssima convicção a infinita
sabedoria e bondade de Deus que se revela em todos os pontos do espaço e em todos os instantes
do tempo, com prodígios e assombros da sua onipotência.
521- Passamos a vida a invejar-nos, e por fim, invejosos e invejados, todos perecem.
522-O homem de juízo converte a desgraça em ventura, o tolo muda a fortuna em miséria.
523- Não há homem que não deseje ser absoluto, aborrecendo cordialmente o absolutismo em todos os outros.
524- O tolo inutiliza os favores da fortuna, o homem hábil os escusa.
525- A filosofia não entorpece a sensibilidade quando muito pode chegar a regulá-la.
526- É tão fácil sentir a felicidade como é difícil defini-la.
527- Não somos sempre o que queremos, mas o que as circunstâncias nos permitem ser.
528- Pouco espírito inutiliza muito saber.
529- O louvor não merecido embriaga como o vinho.
530- Não é a fortuna que falta aos homens, mas a perícia e juízo em aproveitá-la quando ela nos
visita.
531- O insignificante presume dar-se importância maldizendo de tudo e de todos.
532- Há homens cuja atividade é semelhante à dos bugios: incessante, destrutiva e turbulenta.
533- As religiões são sempre úteis aos homens, quando esperançam os bons e ameaçam os maus.
534- Ser religioso é o atributo mais honroso e sublime do homem sobre a terra: é por este
predicado especialmente que ele se distingue de todos os outros viventes: erigindo templos e
altares a Deus, também de algum modo se diviniza.
535- Os patriotas dizem em voz alta que é doce morrer pela pátria, mas em segredo reconhecem
que é mais doce viver para ela e à custa dela.
536- A plena liberdade é como a pedra filosofal, procurada por muitos e por nenhum descoberta.
537- Quando o interesse é o avaliador dos homens, das coisas e dos eventos, a avaliação é quase
sempre imperfeita e pouco exata.
538- Disputa-se sobre tudo neste mundo; argumento irrefragável do nosso pouco saber.
539- Muitos homens são louvados porque são mal conhecidos.
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540- Afetar mistério em coisas frívolas e bagatelas é prova irrefragável de alma e coração
pequeno.
541- Deus é o único Benfeitor verdadeiramente desinteressado.
542- A vida humana seria incomportável sem as ilusões e prestígios que a circundam.
543- O silêncio é o melhor rebuço para quem se não quer revelar, ou fazer-se conhecer.
544- O nosso amor-próprio é a causa e a fonte de todos os amores: amamos somente por amor de
nós mesmos.
545- Não são incompatíveis muita ciência e pouco juízo.
546- O silêncio com ser mudo não deixa de ser por vezes um grande impostor.
547- Há opiniões que, assim como as modas, parecem bem por algum tempo.
548- É da natureza humana que muitos homens trabalhem para manter os poucos que se ocupam
em pensar para eles, instruí-los e governá-los.
549- Em saber gozar e sofrer, os animais nos levam grande vantagem: o seu instinto é mais
seguro do que a nossa altiva razão.
550- Não há inimigo desprezível, nem amigo totalmente inútil.